O projeto se encontra na região de São Cristóvão, junto ao centro do Rio de Janeiro. Historicamente, este bairro viveu uma sucessão de aterramentos e cortes, perdendo sua relação com a paisagem da Baía de Guanabara, que está logo ao lado, mas é inacessível aos olhos e ao uso pelos moradores. 

Um dos elementos mais marcantes junto ao terreno que simboliza esse processo de corte urbano é o viaduto da Linha Vermelha - uma via expressa - sobre a Rua Bela, que vive então eternamente sem céu e sem vista.
Essa busca pelo re-contato com a paisagem guiou o projeto à partir de seus acessos, sua circulação e o próprio morar. 

Os acessos junto ao viaduto remetem à linguagem da Rua Bela através de um pilotis-palafita, abraçando quem chega em uma ação conjunta do pé direito duplo com a curva e descida do volume do barracão da escola de samba Paraíso do Tuiuti, pré existente no local. Na esquina de Escobar e Santos Lima, os edifícios mais baixos mantém a caixa de rua dos sobrados locais.

A circulação geral do projeto ocorre através de passarelas-viaduto, que se abrem para novos enquadramentos de paisagem a todo momento. 

Por fim, os próprios apartamentos garantem a apreciação da paisagem com a constante presença de varandas. No Bloco Bela, quintais compartilhados ocorrem em todos os andares, e ao chegar à altura do viaduto vizinho, um corte abre um vazio ao meio da construção.

O ponto máximo é o encontro da reconquista da paisagem e da relação com a água ao pôr-se um conjunto de piscinas sobre o multiuso Bloco Galpão, com vista endevassada para a Baía.

No nível do solo, jardins de chuva e evapotranspiração retomam a relação com a terra que foi perdida para o asfalto.